Durante o 1º Fórum de Integração do Aftermarket Automotivo Brasil, realizado dentro da AUTOP 2024, Antonio Fiola, Presidente do Sindirepa Brasil, apresentou uma análise profunda sobre o crescente problema do mercado ilícito de autopeças no Brasil, especialmente nas plataformas de marketplace online. Sua palestra destacou as graves consequências desse fenômeno para a indústria automotiva, consumidores e economia como um todo.

Fiola enfatizou que o mercado ilícito de autopeças, que inclui contrabando, falsificação e subfaturamento, não apenas viola as legislações vigentes, como as certificações do Inmetro e normas ambientais, mas também alimenta atividades criminosas, incluindo a lavagem de dinheiro. Ele ressaltou que essa economia paralela se tornou parte integrante da economia real, com baixíssimo risco para os envolvidos, devido à leniência das punições nas atividades online, o que torna a operação extremamente lucrativa.

A palestra também explorou os diferentes níveis de mercado ilícito online. Fiola explicou que existe um mercado primário, onde produtos falsificados são vendidos como se fossem genuínos em plataformas de renome, e um mercado secundário, onde produtos de baixa qualidade são abertamente comercializados como falsificações. Esse cenário cria um ambiente de incerteza para o consumidor, que muitas vezes não tem o conhecimento técnico para identificar produtos de procedência duvidosa.

Fiola apresentou dados alarmantes sobre as perdas econômicas causadas por esse mercado ilícito. Em 2020, as perdas de arrecadação nos canais digitais foram estimadas entre 38 a 50 bilhões de reais. Além disso, ele destacou que o canal digital já responde por 5% a 10% do mercado ilícito de autopeças no Brasil, e essa participação está crescendo rapidamente. Os consumidores, que já enfrentam dificuldades para encontrar peças técnicas confiáveis, ficam ainda mais vulneráveis à baixa qualidade de produtos que, muitas vezes, são adquiridos com base em preços mais baixos.

O impacto dessa economia ilícita é particularmente grave no estado de São Paulo, onde as perdas chegam a 35 bilhões de reais, segundo Fiola. Ele destacou exemplos de peças automotivas coletadas em marketplaces em junho de 2024, como amortecedores e airbags vendidos sem as devidas certificações e com procedências suspeitas. Esses produtos não só colocam em risco a segurança dos veículos, mas também comprometem a integridade das oficinas que, sem saber, podem acabar instalando peças ilegais em seus clientes.

Durante sua apresentação, Fiola também chamou a atenção para a sutileza com que alguns produtos ilícitos são comercializados, mencionando, por exemplo, uma bomba de combustível vendida com uma nomenclatura semelhante à de marcas renomadas, mas sem qualquer certificação válida. Ele alertou que a presença desses produtos no mercado não é apenas uma questão de concorrência desleal, mas também uma ameaça à segurança dos consumidores e à reputação do setor automotivo.

Em sua conclusão, Antonio Fiola lançou um apelo para que as entidades do setor automotivo atuem juntas no combate ao mercado ilícito de autopeças. Ele ressaltou que é fundamental aumentar a fiscalização, promover a conscientização entre os consumidores e garantir que as plataformas de marketplace sejam responsabilizadas por permitir a comercialização de produtos ilegais. “A união de todos os elos da cadeia automotiva é essencial para enfrentar esse desafio e proteger o mercado legítimo”, afirmou Fiola.

O 1º Fórum de Integração do Aftermarket Automotivo Brasil foi, portanto, um marco importante para o setor, proporcionando uma plataforma para discutir os desafios urgentes enfrentados pela indústria automotiva e a necessidade de ações coordenadas para combater o crescente mercado ilícito de autopeças no Brasil.

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